Mas, em se tratando de coisas mais pontuais, que têm relação mais direta com o que estamos conversando, como a vida, a morte e a velhice, então eu vou concordar com você sim, e muito. E digo que aceito muito bem a realidade; aceito tanto que sou ateia, ou seja, não tenho apego a uma entidade mágica “capaz” de mudar essa realidade para meu conforto. Porém – e esse é o ponto fundamental para mim – aceitar a realidade não tem que significar obrigatoriamente louvar essa realidade como algo maravilhoso, ou mesmo como algo bom. É essa minha postura: nada tem que ser bom só porque é real. Aceito, mas vejo tudo como aquilo que "realmente" é: REALIDADE; e não como uma maravilha.
Eu também considero privilegiadas as pessoas que conseguem alcançar a velhice! Mas isso em muitos casos, não em todos. Entendo por velhice qualquer idade que tenha uma pessoa que se julgue e que se sinta velha, eu sou velha. Agora, “idade avançada” já não me sinto capaz de definir...
Será mesmo que “até nisso a vida é boa! Porque nos tira o ímpeto, a força e a beleza da juventude, e nos dá a maturidade necessária para compreender tais limitações” ? Falando sério, nem ligo muito para a tal beleza, mas o ímpeto e a força – ao menos o ímpeto de aprender e descobrir e a força de colocar um pé diante do outro – essas coisas eu gostaria de conservar até o fim, e acho que, nesse ponto, todo mundo pensa exatamente como eu. Já li em muitos “elogios” que as pessoas fazem sobre a velhice o que elas próprias planejam para si, e NUNCA vi ninguém elogiar e desejar – embora muitos velhos tenham – o travamento dos movimentos, a perda da memória, a ausência de entusiasmo. Portanto, acho que a tal “maturidade necessária para compreender tais limitações” de que você fala tem suas limitações.
Sério que “as possíveis doenças pelo desgaste natural” não devem ser motivos para tristeza? Velho ou jovem, sempre vou achar que gostar de doença é coisa de masoquista, desculpe mas as doenças da velhice são um horror sim, são terríveis para os que as têm e são terríveis para os que estão próximos e que amam e se importam com aquela pessoa, e isso independe - embora possam ser MUITO agravadas - da estabilidade financeira da pessoa. Claro que a intensidade da tristeza depende da doença, mas não deixa de existir. Uma gastrite crônica pode ser menos terrível do que um câncer, mas isso não significa que devemos ficar felizes sempre que temos gastrite. Claro que estou dando dois exemplos meio genéricos e meio radicais, mas o fato é que doença NÃO é um bem e nenhuma é tão sem importância assim.
Desculpe, desculpe e desculpe novamente, mas essa sua frase me causa arrepio! “Neste caso, a tristeza não deve ser por causa da idade, e sim, pela nossa própria incompetência”; Nossa! Então você acha mesmo que TODAS as pessoas que envelhecem e que não têm condições financeiras suficientes para viver “confortável” são incompetentes? Nem consigo dizer o quanto essa frase me parece absurda.
Acho muito legal encarar a vida como ela é, mas acho que não é bem isso que você está fazendo. Sim, é só uma opinião minha e não vale nada, mas, como eu disse no meu texto “acredito que estou certa, claro”, e na minha visão, encarar a vida como ela é significa aceitá-la como natural, vivê-la da melhor forma possível, aproveitar ao máximo o que ela tem de bom, não esquecer que o outro é como eu e merece TODO respeito e – esse é o ponto em que praticamente ninguém concorda comigo – não mentir para si mesmo dizendo que a vida é maravilhosa quando é óbvio que ela não é.
Parece que para você “compreender o que seja a realidade da vida” é achar tudo lindo e ficar feliz porque “estou vivo e tudo é maravilhoso”. Para mim, compreender a realidade é ver que “é assim que funciona”, é tirar proveito de tudo de bom que a vida tem, é dar o melhor que puder de mim ao outro porque o outro é sempre meu companheiro de infortúnio e não meu inimigo.
E compreender a realidade é fazer tudo isso sem se enganar com mentiras confortáveis e sem transformar desejos e esperanças em certezas sem evidências. Não sei se isso é maturidade, mas é assim que vivo.
Não, não acho que “A vida é maravilhosa quando compreendemos todos os estágios e os acontecimentos”, acho que quando fazemos isso vemos que a vida NÃO é maravilhosa, mas que, até prova em contrário é o que temos. Não, não acho que “As lutas, as perdas, os ganhos... tudo isso torna a vida bela” e nem acho que se “Não fosse isso, aí sim, a vida seria chata, monótona”, não acho porque não temos experiência do que seria uma vida sem “As lutas, as perdas, os ganhos...”, não há outro tipo de “vida” com que possamos comparar para que possamos afirmar isso que você afirma.
Não, não acho que “A vida é maravilhosa quando compreendemos todos os estágios e os acontecimentos”, acho que quando fazemos isso vemos que a vida NÃO é maravilhosa, mas que, até prova em contrário é o que temos. Não, não acho que “As lutas, as perdas, os ganhos... tudo isso torna a vida bela” e nem acho que se “Não fosse isso, aí sim, a vida seria chata, monótona”, não acho porque não temos experiência do que seria uma vida sem “As lutas, as perdas, os ganhos...”, não há outro tipo de “vida” com que possamos comparar para que possamos afirmar isso que você afirma.
Mas minha imaginação consegue me dizer que, se houvesse uma vida sem horrores, derrotas e perdas, essa vida seria sim muito melhor!
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